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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

PAULINO SANTIAGO

 

Pseudônimo: Paulo de Santarém.

Paulino Rodrigues Santiago (Maceió - AL 13/03/1888 – Maceió - AL 10/10/1967). Folclorista, poeta, bancário. Filho de Joaquim Rodrigues Santiago e Emília Rodrigues Santiago. Aprendeu a ler em casa; aos doze anos, deixava a escola para ser caixeiro da Livraria Fonseca. É levado por um tio para Recife, mas logo regressa a Maceió. Volta a trabalhar no comércio. Nomeado, pelo governador Clodoaldo da Fonseca, contador do Banco do Estado e, sucessivamente, chegou a gerente e diretor-superintendente do Banco de Alagoas, sucessor do primeiro. Foi diretor de empresas comerciais. Membro do IHGAL, colaborou em sua revista e, posteriormente, foi escolhido patrono da cadeira 20 da instituição.  Um dos fundadores da Academia Alagoana de Letras, sendo o primeiro ocupante da cadeira 37. Sócio honorário da AML. Membro da Comissão Alagoana de Folclore.  Foi um dos primeiros divulgadores do Esperanto.

Obras:

Esperanto – Portugal – Vortaro, 1908; Orações Acadêmicas de Paulino Santiago e Djalma Mendonça.  Sessão Solene do Instituto Histórico de Alagoas em 7 de Setembro de 1955. Posse do Consórcio Djalma Mendonça na Cadeira do Dr. Artur Acioli Lopes Ferreira, Maceió, 1955; Estudos da Etimologia Alagoana, Maceió: EDUFAL, 1980; Presença do Vovô Índio, (O Tupi na Toponímia de Maceió), Maceió: Série de Estudos Alagoanos, Caderno n.º 6, DEC., Imprensa Oficial, 1961; Dinâmica de Uma Linguagem: O Falar de Alagoas, Maceió: UFAL, 1976, prefácio de Carlos Moliterno e atualização gramatical de José Casado da Silva; Temas e Processos do Cancioneiro de Alagoas, Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, 1972 (póstuma); Jogos e Brinquedos da Minha Infância, Separata do Boletim da Comissão de Folclore, Maceió, 1951; As Novas Recepções do Instituto, Discurso do Sr. Paulino Santiago, Revista do IAGA, v.13, ano 56, 1928, Maceió: Livraria Machado, p. 43-62; Do Nosso Vocabulário Popular, Simplificação Ortográfica da Língua Portuguesa, Revista do IHGAL, v. 17, 1933, ano 60, Maceió: [s/d] p. 62-84; Último, Revista da AAL, n. 13 p. 212 (Antologia do Soneto Alagoano). Colaboração na imprensa: Jornal de Alagoas, Gazeta de Alagoas e revistas Perseverança e Mocidade, muitas vezes com artigos divulgando o Esperanto. Secretariou a revista Evolucionista. Deixou, sem terminar, Crônica de um Caixeiro-Vassoura.

Fonte: Livro ABC das Alagoas / Autor: Francisco Reynaldo Amorim de Barros

 

 

 

AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Exemplar encadernado.  Bibl. Antonio Miranda

 

                           POEMA DA VIDA

                        Canto I

   Infância
Quando parti, tu me disseste: —Escuta!
Nunca mais me verás.
Conforma-te. Sê forte e altivo e audaz na luta.
Não olhes para trás!

                             Canto II
Juventude
Vim. Recebeste-me entre flores
Cânticos e risos, com a um deus.
Sorvemos o hidromel de todos os amores;
Subi, de gozo, aos céus, nos braços teus.
—Segue, que estás armado, cavalheiro!
Faze da vida um meio e da bondade um fim!
Estuda, pensa, crê.  Sê branco e justiceiro.
Vai! Para sempre esquecer-te de mim...

       Canto III
Maturidade
Quando do teu solar me abriste as portas
Inda brilhava o sol do Outono e inda aquecia.
Tu me abraçaste e fomos
Sobre o extenso lençol das folhas mortas.
Do teu jardim comer os sazonados pomos.
A tarde esmaecia...
Levaste-o à minha boca,
E, serena e tranquila e de semblante enxuto,
Agasalha-te bem, que o tempo é incerto.
Uma gase de frio os cimos touca,
E como vais sozinho,
Tem cuidado com a noite, que vem perto!...

Canto IV

  Velhice
Ia avançando o Inverno, quando
Roxo de frio e os pés sangrando,
Vi com o olhar amargurado e triste
Que não tinha mais nada na sacola.
Bato. Surgiste.
E, embora dúbio o passo, inda sustinhas firme
Nas engelhadas mãos, para acudir-me,
O caldo bom da tua esmola.

Era tristonho e pobre o teu itinerário,
Calmo e silente como um claustro; mas
De vez em quando um mórbido murmúrio
De saudade, de queixas e de pranto
Quebrava aquele encanto
De repouso e de paz.
Seriam, quem sabe? gemidos do vento,
Soprando nas frinchas dos muros gretados,
Ou o eco soturno do flébil lamento
Dos mortos, chorando seus velhos pecados...

Olhaste-me, eu baixei as pálpebras cansadas.
Tinhas entre o negrume das pupilas
Rubros clarões de incêndio e alvoradas.
Falaste-me e eu tremi! Como a voz das sibilas,
Parecia nascer no princípio dos mundos
E vir na asa dos séculos, ecoando
Por serros e alcantis e por grotões profundos,
A tua própria voz:
—Bramindo,
—Rolando,
—Rugindo,
Até chegar perto de nós:

—Eis-te afinal, viajor, chegado ao vale-de-lágrimas!
Verte-as! Aquela rio é delas que transborda.
Dos teus olhos, porém, se as fontes se esvaírem,

       Chore-as tua alma, então e, chorando, consagre-mas..
É tudo quanto peço em troca desta açorda,
Quando colhi dos que, no último adeus, partiram.

Tal como a flor de um lago a sombra de uma nuvem,
Tudo o que havia em ti — sonhos, ânsias, gemidos,
Foi miragem fugaz de uma alma abstrusa e louca.
—Ó! Não esperes mais, das searas, que se enluvem
De brotos, para a festa erval dos teus sentidos;
De grãos, para o prazer sensual de tua boca.

—Esquece que és alguém. Da fronte arrasa os sulcos,
Serena o rosto e espera a suprema chamada
Que há de vir dos confins distante e profundos.
E, então, da terra insóbria aos vastos seios hiulcos
Voltarás como um verme, um grão de poeira, um nada
Para a renovação dos seres e dos mundo.

Canto V

  Finais

       Na noite e no silêncio do tegúrio
Vaporoso fantasma se esgueirava
E mal se ouvia o mórbido murmúrio
Da sombra que na sombra soluçava.





CANTO DO ENTARDECER

Queres?...
Pois vamos, neste fim de tarde,
Reler os versos que te fiz outrora
E em que toda minha alma derramei.
Leiâmo-los baixinho, sem alarde,
Para que o pranto que eu chorar agora
Não alvoroce o pranto que chorei.

Vês?...
Foste sempre, nestes pobres versos
Cheios de amor, de mágoa e de ansiedade,
—Musa e mulher, motivo e inspiração.
E eles, que andavam por aí dispersos,
Correm ao chamamento da saudade
Nesta hora de ternura e evocação.

Vieste?...
Compreendo! O ocaso já se apaga,
Cobre-se-nos de cinzas a cabeça
E dentro em nosso peito a neve cai.
Antes que a noite triste e mal pressaga
Sobre nossa alma tristemente desça,
Guardemos o minuto que se vai.

Queres?...
Pois nos sentemos novamente
Como nos idos tempos, lado a lado,
Beijando-nos, felizes outra vez;
—Não com os ditosos beijos do passado,
Cujo sabor o tempo não desfaz.                          

*

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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